segunda-feira, 29 de abril de 2019

Al día de tu nacimiento

Podría decir que nació un ángel,
pero el mundo está cansado de ángeles
y sus alas de sueños.

El día de sus estrenos en el mundo
ha roto el útero en llantos
anunciando al mundo que vendría
una mujer que jamás callaría.

Una mujer de ojos azules,
pelo rubio, boca rosada
y piel de nácar.

Y ella vino al mundo 
con fuerza, con prisa, con hambre 
de vivir, de amar, de romper
las tonterías de los hombres necios. 

Y pronto ella se hizo mujer.
Sin pedir perdón o licencia a nadie,
supo que el mundo le pertenecía.

Sus ojos azules brillaban aún más,
porque el cielo le era pequeño
y la vida le cabía en sus manos.

Hoy, el día de sus años,
ella sabe que es mujer 
y recoge manzanas rojas
porque le gusta el color,
la vida es chica
y ella es una mujer 
que no cabe bajo ningún árbol.



segunda-feira, 22 de abril de 2019

Fotografia

Sinto que falta à foto
frente ao espelho
o meu rosto.

Falta a esta história
o contorno de quem está ausente.

E não posso gritar ao espelho
que, surdo envidraçado,
não me ouvirá.

Estou do outro lado do espelho
e quem vejo é a outra parte de mim,
que intocável aguarda o reencontro. 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Recuerdos

Te recuerdo cuando no imaginas....
aún cuando el día no ha salido
ni la noche ha llegado.

Pero te recuerdo en el tiempo
de mis memorias y te reconstruyo
con mis manos, cómo menos te lo imaginas.

Te recuerdo porque no me es posible olvidar
lo que mejor me trajo la vida y el olvido
es lo imposible, pues siempre estás presente.

Te recuerdo aun porque no tengo salida,
el tiempo pelea con mi alma
y los relojes rotos de otras vidas
se niegan a golpear contra el viento
las campanas de mi regreso.

Te recuerdo para que el futuro no muera
y para que las astillas de los relojes vuelvan
a girar en el anhelo de las horas
que desconocen el dolor de las partidas.




quarta-feira, 17 de abril de 2019

"Se eu fechar os olhos agora"

Romance bom é assim, só o título já vale a pena. Demorei muito a me interessar pela literatura de Edney Silvestre. Talvez, por preconceitos e receios de ele ser um repórter da rede de televisão Globo, talvez por outras leituras que me corriam pelas mãos e meus olhos ávidos por novas aventuras decidiam-se a percorrer outros caminhos.

No entanto, agora, estou a ler o romance. Sei que foi prêmio Jabuti, que deve ter sido lido por inúmeras pessoas e que só o descubro quase uma década depois da premiação. Mas, eis que o tenho diante de mim em uma tela de Kindle, justo eu que resisti por tanto tempo à leitura longe das páginas de papel.  

Não, não falarei do romance. Falarei do título, do provocante título de "se eu fechar os olhos agora". Quantas pessoas, quantos fatos, quantos eventos posso lembrar "se eu fechar os olhos agora"? Como selecionar o fato ideal, desencavá-lo da memória, do único espaço em que ainda temos a  impenetrável privacidade? É bom lembrar que da nossa memória só podem saber o que contamos. 

"Se eu fechar os olhos agora", o que posso lembrar, que mundo posso visitar, que saudades sentir, que eventos reviver? "Se eu fechar os olhos agora", que fotos posso ver, que olhos me chamarão atenção, que rostos ganharão vida? 

Vejo um e-mail, desses de propaganda, que te enviam sempre que fazes aniversário, seja por teres feito o cadastro, seja porque acessaste a rede de WiFi com teus dados, que um programa de computador te manda no dia do aniversário, chamando para comer, beber ou hospedar-se em algum lugar onde já estiveste, fez me voltar à capa do romance e o ler o título de novo, quase como uma descoberta.

E então, "se eu fechar os olhos agora".....posso voltar ao hotel do e-mail, de nome pomposo -  Master Gold - e posso te ver sentada ao pé da cama, os pés sem tocarem o chão, quase colada à janela fechada com uma cortina blackout , jeans, tênis prateado, uma blusa azul da cor de teus olhos, os cabelos com frizz , que até hoje não vi e um quadro.

Meus dedos desenhavam esse quadro e o desenho era perfeito. Os contornos ainda são nítidos, tenho a impressão de ter esse rosto colado em meus dedos "se eu fechar os olhos agora..." mas não, não quero deixá-lo nas teclas desse computador que está sobre minhas pernas, quero deixá-lo em minha memória, em meu espaço privado que se eu precisar e quando eu sentir falta de lembrar-me daquele momento mágico de minha vida, eu simplesmente diga e a voz do vento possa te procurar, onde quer que estejas e te diga: "se eu fechar os olhos agora...." o resto nós já sabemos e o resto é tudo, tudo que vai ficar guardado para mim, "se eu fechar os olhos agora..."


segunda-feira, 15 de abril de 2019

O último dia dos meus 39 anos

Difícil resumir em poucas linhas, quiçá em poucos parágrafos trinta e nove anos de vida. Nem de perto passou por minha cabeça essa possibilidade, afinal seriam muitas páginas, quem sabe um romance inconcluso, uma autobiografia que ninguém leria; então, resolvi fazer um texto de despedida. Não, não se animem, não é um texto de despedida da vida, mas de meus 39 anos.

Também algo me ocorreu: expor gente viva assim no texto, sem pudor, pode ser algo que gere problemas políticos e familiares desnecessários. Se fosse gente morta, lá vai, ninguém vai me ligar do além reclamando alguma confissão mais picante ou descabida. Mas, gente viva, é melhor se cuidar.

Cheguei aos trinta e nove anos passando por muitas coisas. Essa palavra é ótima, para uns, pode ser interpretada como eventos positivos, para outros, as mais tenebrosas aventuras. O fato, porém, é que desde que me inaugurei na vida, passei por várias religiões. Batizaram-me, apresentaram-me, batizei-me, mudei de religião, de fé, perdi a fé, voltei a ser meio crente, não daqueles do Malafaia, passei a ler posts de Budas, mensagens espíritas, usar aplicativos de meditação, passei a ser meio descrente, meio cheio de fé, acho que tudo depende da luz do dia, se chove ou faz sol, aí a fé aumenta ou diminui. 

De algo tenho certeza. Nada aconteceu como eu esperava. Talvez, por isso, tomei alguns antidepressivos, frequentei psiquiatras e psicólogos, como quem acredita em políticos e como um mal necessário, porém, mais isentos que os padres, que não me cobrariam ave-marias, nem uma missa, o que já é algum consolo.

Mudei de casas, de cidades, de profissões: entregador de jornal, cobrador, servente pedreiro, pintor e, por último, professor. Fiz amigos, inimigos, frequentei gente chata com sorrisos, abracei pessoas incríveis e que levarei comigo para sempre, irmãos que a vida nos presenteia sem sangue. 

Entediei-me muito também. Li jornais, revistas em consultórios médicos, vi gente medíocre em colunas sociais do interior do país, assisti TV, vi séries, li livros por obrigação da faculdade e da profissão, dissertações e teses, enquanto da estante me paqueravam livros fantásticos. Descobri que o que menos fazemos na vida é gozar, temos muitas dores, muitas frustrações, mas nada que nos mate, pelo menos por fora. 

Já tive redes sociais e perdia um tempão nelas, enquanto o mundo de verdade corria lá fora. Só não tive Orkut e não me lamento por isso. Quem tem 39 anos como eu, nasceu em uma época que não havia internet assim fácil, nem telefone celular havia. Quando precisávamos ligar íamos ao orelhão cheio de fichas prateadas para fazer um interurbano ou, então, em épocas de grana fraca, perturbávamos algum parente mais rico para fazer uma ligação demorada e nos demorávamos mais ainda ouvindo os lamentos dos parentes só por ter usado o telefone.  

Depois surgiram os primeiros tijolões de telefonia portátil, os computadores de mesa 486, que iniciávamos pelo DOS, a conexão de internet discada com seu barulho insuportável para poder usar o ICq ou usar um site de buscas que nem era o Google ainda. Depois vieram os primeiros Nokias de capinha azul. Paramos de usar walkman de fita e passamos para o de CD e sentíamos falta da época que ligávamos à rádio e pedíamos uma música para gravar e que o locutor todo satisfeito dizia: solta o play, essa é para você!!! Somos de uma época que vinil era falta de opção e não moda vintage.

No ano que completei 39 anos aconteceram inúmeras coisas, que não lhes cansarei aqui com particularidades. Gostaria de dizer que os primeiros fios de cabelos brancos surgiram neste ano, que passei usar óculos agora, mas seria uma triste mentira. Foi um ano intenso, de mudanças, conhecimentos, livros, pessoas, sentimentos, de vaivéns, de vou não vou e, por fim, cá estou eu em Lyon há vários meses. Mudamos de presidente, passamos a reviver fantasmas de 1964, passamos a navegar num mar de inseguranças, meninos voltaram a usar azul e meninas rosa e o sonho masculino de pelo menos 50% dos homens brasileiros de que as mulheres voltem a dirigir fogões voltou à tona. Nada do que esperei foi como eu imaginava ao chegar nos meus 40 anos, que ainda estão por vir. É bom valorizar as horas que faltam...

O fato é que hoje é o último dia de meus 39 anos. Estou na França e a previsão para amanhã é de chuva e frio. Será que isso é um mau-agouro? Ou só a previsão do tempo mesmo? Estou, porém, por um fio, e sei que as horas serão cruéis comigo e logo chegarei aos 40 anos. Resta-me uma dúvida, assumo meus 40 anos pela meia noite daqui ou pela meia noite do Brasil? É o caso em que algumas horas fazem a diferença.

Pelo sim, pelo não, nasci no Brasil e nunca ser brasileiro me fez tão bem. Que venham os 40 anos com as cinco horas de fuso que me separam da idade verdadeira que me cabe. Afinal, para que viver de antecipações...😉?



domingo, 14 de abril de 2019

Gramática amorosa

Meu corpo, teu corpo...
essas conjunções...
esses pronomes relativos
à posse, aos lugares,
dêiticos de nosso amor.

Meu corpo, teu corpo...
os sujeitos ocultos,
os objetos diretos,
os objetos indiretos
dos desejos e das fantasias.

Meu corpo, teu corpo...
complementos nominais
dessa gramática dos sentidos
de todos os verbos do Amar
de todos os nomes do Amor.


sexta-feira, 5 de abril de 2019

Terra brasilis

Sobre as notícias da descoberta
encontrando as pernas abertas,
disse o rei e o ditador:
em aqui se plantando tudo dá
tem grama ao deus dará
e a manada zurrou feliz:
esta terra tem até meretriz
e a vida é viver por um triz
tem atentado, tem tocaia,
mas antes que eu caia,
quero te dizer povo meu
que se não sou Romeu
também não sou plebeu.
Não perco da burrada uma reunião
e assim em união
zurramos todos juntos
é por isso que sempre trago no bolso
a zurrada agastada
porque não falta ocasião
de zurrarmos em união.


Abraço

Estico os braços
mas sinto-os curtos
para tamanha distância.

Por que desperdiço-me em palavras?
São elas inúteis trastes velhos no fundo
das inúmeras definições do dicionário.

Quero abandonar os verbos
e abreviar teu mundo no curto espaço
que fecha a circunferência de meus braços.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Ausência?

O que é ausência,
se carrego comigo o teu corpo
colado às minhas costas?

Não mais celebrarei a ausência,
porque estás comigo....
e como me é leve as tuas mãos
sobre meus ombros cansados....

e como me pesa o corpo,
se sinto que por instantes
te aligeiras o passo
como se quisesses aliviar em mim
o peso que por prazer ignoro.


  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...