quarta-feira, 20 de março de 2019

Reclamada ausência


Por que, ignorante, reclamo da ausência?
Ela é presença constante
que em vazios, me preenche os dias,
é recordação pura, bruta em estado maior
de gritâncias, gestos e protestos.

Ainda sem teu corpo, o que reclamo
é a ausência física, 
porque gritas em meus ouvidos
mal vejo a luz do dia me despertar.

E é sob gritos de protestos que adormeço
apegado a essa ausência branca, pura, intocável,
que me afaga os cabelos e sobre os joelhos
me nina e mima em afetos e esperanças.

Esperanças de que os sonhos antecipem o encontro fatal,
inevitável dos corpos que se consomem em corpo,
um corpo de verdade, embebido 
de suor, pele, boca e mãos em comunhão.

Nenhum comentário:

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...