Sou este ser composto de adeuses.
Poucos insistiram em ficar
e quem se deu a este trabalho
desperdiçou seu breve tempo.
Sou feito desse mosaico,
cacos de um vaso quebrado,
xícara de louça remendada
da velha herança de família,
que rezam uma dignidade
de cristaleira envernizada,
colocada no canto da sala.
Sou eu e sou todos os retratos
de família sobre o aparador,
por isso esse orgulho duro
que reflete no olhar uma dor antiga
de loucuras passadas e aniversários
não celebrados, que choram os olhos
da daguerreotipia genealógica.