As palavras pingam
escassas da ponta da caneta.
A inspiração foge aos detalhes
perde-se nos meandros da mente.
E as ideias pingam,
formam estalactites
no teto do cérebro,
e são duras e incontornáveis.
Os versos sofrem a erosão
do tempo e as palavras desgastadas
se negam a produzir como antes.
Vejo a plantação se perder
e não tenho palavras para a dor
de ver a página branca devastada,
enquanto os versos gotejam esparsos
insuficientes para um poema.
quarta-feira, 29 de junho de 2016
segunda-feira, 13 de junho de 2016
Drama noturno
O mundo dorme
em um concerto
de silêncios
e as vozes emudecidas
tecem sonhos para o dia.
Uma maçã no escuro
pende da fruteira
na cozinha,
enquanto as baratas
cochicham no interior
dos armários fechados,
como se soubessem
inquilinas indesejáveis.
Os roncos em tom de baixo
harmonizam-se ao sibilar
das sopranos e ambos
ignoram-se como se fosse dia
e o café da manhã
estivesse na mesa.
As madrugadas tecem seus mistérios
e em cada quarto escuro das cabeças
revelam-se sonhos
inomináveis à luz do dia.
em um concerto
de silêncios
e as vozes emudecidas
tecem sonhos para o dia.
Uma maçã no escuro
pende da fruteira
na cozinha,
enquanto as baratas
cochicham no interior
dos armários fechados,
como se soubessem
inquilinas indesejáveis.
Os roncos em tom de baixo
harmonizam-se ao sibilar
das sopranos e ambos
ignoram-se como se fosse dia
e o café da manhã
estivesse na mesa.
As madrugadas tecem seus mistérios
e em cada quarto escuro das cabeças
revelam-se sonhos
inomináveis à luz do dia.
domingo, 12 de junho de 2016
Sou este ser composto de adeuses.
Poucos insistiram em ficar
e quem se deu a este trabalho
desperdiçou seu breve tempo.
Sou feito desse mosaico,
cacos de um vaso quebrado,
xícara de louça remendada
da velha herança de família,
que rezam uma dignidade
de cristaleira envernizada,
colocada no canto da sala.
Sou eu e sou todos os retratos
de família sobre o aparador,
por isso esse orgulho duro
que reflete no olhar uma dor antiga
de loucuras passadas e aniversários
não celebrados, que choram os olhos
da daguerreotipia genealógica.
Estes são os últimos versos
que te sofro em insanidades
de um passado presente
ainda reverberante no peito.
Abandono-te às palavras
como te abandonei à porta
no dia da derradeira partida.
Faço deste poema uma confissão
um adeus inusitado e sem acenos.
Não posso te sofrer mais
do que o espaço desta página em branco.
Evito, assim, ofender com minhas lágrimas
ao olhos do leitor honesto a quem confesso
a inconfessável dor do Amor.
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