sábado, 15 de janeiro de 2022

O que os ventos trazem

Tempo maluco,

virou de uma hora para outra

trouxe consigo o vendaval,

os relâmpagos e os trovões,

mas o tempo virou

e agora sopra uma brisa calma

uma perigosa brisa

a anunciar genocídios,

novos tempos malucos

onde a razão é superação

e os loucos do poder

comandam nossas vidas:

vacina sim, vacina não

e o povo crédulo de ilusão

repete ser ter noção

a canto de morte espalhado no ar.

O tempo virou e agora é só brisa

a imperturbável brisa dos horrores. 

 Alegria, alegria, alegria

diz a poesia.

Tristeza, tristeza, tristeza

diz o meu dia.

Não sou poeta das flores

nem das orgias felizes.

Há um pote de tristeza em mim

que transborda todos os dias.

Sou o poeta das finezas

depressivas do outono.

Quem procurar a alegria,

o sopro feliz da vida

nada encontrará

para se aviar.

Costuro minhas tristezas

teço minhas dores

e cirzo com a agulha metálica

as dores de minha poesia.

 O sábado traz um sol gritante

de uma alegria exorbitante.

Um sol cubista

com raios sobre a pele.

O sol das alegrias tropicais

endoidece as gentes à beira-mar,

à borda das piscinas, às costas das esteiras.

Mas dentro de mim faz um inverno

silencioso e frio, aconchegante

das xícaras de café.

Estou fora de mim

e faz um sol alegre

que me fere a pele de inverno.

O sol queima nossas esperanças

aquece os pés sobre as sandálias

que levam ao fim das ruas,

das avenidas e dos endereços.

Sempre o sol a queimar

nossas cabeças,

eliminando toda reflexão. 

 A boca fala

mas poderia dizer não

poderia calar o sim

evitar o desperdício das palavras

acalmar o peito

com o silêncio dos dentes cerrados. 

Acordar é dizer não à morte

é acender de novo a chama

que habita em nós.

É um soprar sobre as brasas

incendiando as chamas

com o sopro dos pulmões. 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

A voz e as palavras

 Alguém fala

ao fundo se escuta uma voz

a mesma voz de sempre

a falar ao ouvido

a prometer o paraíso.


As palavras

sempre as palavras

ameaçando, amando,

articulando o ser humano

que há em nós.


  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...