A pior sensação que podemos ter é a de não ter vivido algo. O lamento é a expressão mais forte do arrependimento das coisas não vividas. Porém, esta é a pior das armadilhas, pois nos leva a ficar presos ao passado continuamente, logo vivemos no espaço e no tempo do inexistente.
Algumas memórias são despertadas pelo nada: um filme, um quadro, uma conversa. Despertamos para aquilo que não podemos viver, que já passou e não poderemos sequer tocar. O passado vira uma obsessão difícil de se livrar, ainda mais um passado que não nos pertence, que não pudemos viver, ficou apenas no horizonte das expectativas do não realizado.
A única conclusão a que chego nesse caso é que devo tentar olhar o futuro, para ele e mais nada. Mas olhar para o que não existe é tão difícil, é como olhar para o passado que não vivi e jamais poderei viver, pois o tempo passou e jamais voltará. No entanto, o futuro tampouco me garante uma vida diferente ou mais feliz, está por construir e nem todos os tijolos que eu use para o alicerce de uma vida nova garante-me a casa de acordo com os meu sonhos.
Assim, vivo esse labirinto, esse enigma entre o que não foi e aquilo que não sei se será. Decifra-me ou devoro-te, o velho e antigo problema machadiano. Mas como ele mesmo dizia, melhor cair das nuvens que do terceiro andar.
Ps: por ser um fluxo mental não corrigirei o texto, vai com os erros que tem.
domingo, 14 de abril de 2013
terça-feira, 2 de abril de 2013
Algumas poucas verdades sobre o amor
Depois de um certo tempo descobrimos que os melhores amores e os mais verdadeiros são justamente aqueles que não podemos ver, tocar ou sentir. São aqueles que não pudemos desfrutar, aqueles que ficamos apenas nos olhares ou na cumplicidade de uma amizade que podia ter sido algo mais.
A memória recria melhor as pessoas amadas que jamais existiram. Amigas que só de nos tocar, olhar ou sorrir nos satisfaziam a alma. Aqui de minha escrivaninha, de frente para a janela sinto falta de um olhar desses. Olhos grandes, sorridentes, cheios de calma e paz que nunca tive, mas ela que esbanjava.
Amolecia-me ao toque dela e ao veludo de sua voz de menina/mulher experiente. Cheia de tantas coisas que poderia me dar a plenitude que me faltava. Sei que isso é bobagem e que ninguém pode nos completar ou saciar todas nossas sedes, mas esta é a parte boa dos amores nunca declarados, nunca vividos, mas experimentados no nível da alma: eles são plenos, totais, enchem-nos como mel em excesso na garganta.
Um desses amores tinha grandes olhos, ainda brilhavam de amor e esperança e encantavam com suas enormes bolas sorridentes que saltavam como duas lindas crianças num jardim londrino numa manhã de fim de inverno. Nunca fui a Londres, mas esse amor me fez viajar ao mais lindo jardim da falsa recordação. Ali pude aproveitar o sol da manhã e sentir o beijo gelado das árvores que nos rodeavam.
Esses amores de "faz-de-conta" divididos na mesa de um restaurante ou entre a fumaça que sobe de uma cálida xícara de café são os melhores, seu cheiro desperta momentos imemoriais, que sentimos uma enorme falta. Amores não declarados, capazes de mudar uma vida toda, mas que na covardia das tarefas cotidianas e dos padrões morais da sociedade optamos por não vivê-los, por isso se tornaram imortais e mais verdadeiros.
Gostaria de me explicar melhor, mas acho que assim como todos os escritores que já tentaram falar de amor sabem ser uma tarefa impossível. Assim é esse amor verdadeiro, aquele que esperamos no corredor só para ver aqueles lindos olhos passar e.... quando eles já estão ausentes....... acompanhar o lento deslizar dos pés a levar um lindo vestido que rouba de nós o toque tão desejado, a agitar-se como uma flâmula no ar avisando que o navio de nosso amor partiu e não voltará mais....
Esses amores de "faz-de-conta" divididos na mesa de um restaurante ou entre a fumaça que sobe de uma cálida xícara de café são os melhores, seu cheiro desperta momentos imemoriais, que sentimos uma enorme falta. Amores não declarados, capazes de mudar uma vida toda, mas que na covardia das tarefas cotidianas e dos padrões morais da sociedade optamos por não vivê-los, por isso se tornaram imortais e mais verdadeiros.
Gostaria de me explicar melhor, mas acho que assim como todos os escritores que já tentaram falar de amor sabem ser uma tarefa impossível. Assim é esse amor verdadeiro, aquele que esperamos no corredor só para ver aqueles lindos olhos passar e.... quando eles já estão ausentes....... acompanhar o lento deslizar dos pés a levar um lindo vestido que rouba de nós o toque tão desejado, a agitar-se como uma flâmula no ar avisando que o navio de nosso amor partiu e não voltará mais....
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