Prometeu a voz divina
que da terra fluiria leite e mel,
mas o que fazer desta mistura,
se vivo de outras águas
e tenho a maldição de ser humano?
Queima-me a pele de outro corpo
e busco nas tuas águas
apagar a chama que me consome.
Tornei-me pastor de teus olhos
e com cânticos ao pé do ouvido
guiei-te mansamente às margens de outro rio.
Ali, sem disfarces, despimos as vestes
e pondo a nu a humana carnatura
descobrimos a geografia das águas.
Não, não nos importamos com o pó
que um dia serão nossos corpos.