sexta-feira, 21 de abril de 2023

O tempo e a carne

Quando te olho

fico pensando na pele que cobre teu corpo

na substância clara de teus olhos

na carne que envolve teus ossos.

Vejo outras mulheres

e também estão envolvidas em carnes,

gordura, sangue e veias.

Por que a tua carne

se toda a mera substância humana

é composta por esta massa vermelha

que um dia será pó?

Tento analisar teus ossos

a substância dura do fêmur

em que te equilibras e danças

forçando a rede de ossos

a se chocarem uns contra os outros.

Estás coberta de cartilagens, pele,

cabelo e unhas pintadas

e assim como outras mulheres

te pintas para cobrir a última linha

a marcar teu rosto,

que começa a denunciar a passagem

do tempo, do teu tempo, que é meu tempo

a devorar e revelar o que escondem tuas carnes.

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...