Sobre minha mesa de trabalho
penso em minha mãe
que com seus 63 anos
mora longe de mim.
Questiono a vida
e minhas escolhas.
Escolhi não ficar
na terra onde nasci
e não me arrependo do que fiz,
mas atrás de mim, a chorar,
deixei família e abraços suspensos
que esperam a hora certa
das visitas incertas.
Ser adulto é assim
ter essa vida errante
longe dos seus.
Não tenho como Régio
uma foto de minha mãe.
Ela vive nas lembranças
e na segurança de saber ela viva,
que é igual ver um passarinho
na árvore a cantar.
Também não tenho santos
nem um retrato da virgem
sobre minha mesa de trabalho.
Mas, à vezes, dá vontade
de ser menino
e ao igual ao pequenino da virgem
no colo descansar.