Tua imagem perturbou-me
senti descer um espinho pela garganta
e pelas tuas pernas vi correrem meus anos.
Desejei ser jovem.... ser doce...ser belo.
Quase desesperei-me ao volante do carro,
mas conduzi firme até meu apartamento.
Quis despir-me da idade,
um sentimento de ter chegado cedo demais
inundou-me as pupilas ainda dilatadas.
Disse a mim mesmo: o mundo não é justo.
Depois resignei-me, alisei as rugas,
passei os dedos pelos cabelos brancos,
e conferi o número das obturações.
É... o tempo passa - disse ao espelho
e o amor ainda é um cavalo
a golpear-me com suas patas o peito.