sábado, 30 de julho de 2016

Tenho um quadro
retrato de toda uma vida.
A família está digna,
as desavenças caladas,
mas não sou eu no retrato.
Aqui do lado de fora 
restaram os olhos tristes.
Reflexos de uma foto
que desbotou com o tempo.

Bebo palavras secas
que descem arranhando a garganta
e entre-línguas-dentes
despedaço as sílabas indizentes.
Vivo dessa palavra pedra
pura violência no falso silêncio
desmentido por olhos todo-violências
de um riso sarcástico contido.
Balbucio pequenas violências
enquanto o descontrole interno
me corrói vísceras-coração.
Todo-pedra quase inumano
circulo livre entre pessoas
não menos piores que eu.
Assim, tocamos os acordes
brutos da cordialidade cotidiana
todo-mesuras, disfarce de nossa ancestralidade
quando primitivos éramos cristalinos
de uma pureza pedra bruta inigualável.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Um adeus não é coisa que se diga
assim[...] fácil de falar.
Se diz para quem parte
para quem morre ou viaja.
Mas por que, se você foi
ainda a sinto tão apegada a mim?
Adeus não é assim
tão fácil de dizer,
dói a se perder de vista.
Por isso, esse nó na garganta
esse adeus que saiu atravancado
e nunca me deixou está aqui.
Então, apego-me a esse adeus
e sofro todos os dias
por que essa dor do adeus é você
e sem você é impossível dormir.
E adormeço com esse adeus preso
na garganta, certo de que em meus
sonhos ao menos a terei perto de mim.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Quando o sono chegou
eles já não se amavam mais
e a cama antes dispensável
em seus atavios e desejos
voltou a ser móvel de dormitório.
Dividem o mesmo espaço
sonhos e frustrações alheios.
A noite insone é para os amantes
e pesada como um chumbo
aos que cederam à tentação das alianças.
O tédio da solidão noturna
vem com o tempo a sobressaltos
e o brilho avivado na ponta do cigarro
é o único fogo que incendeia a noite.

  A poesia é essa água que escorre pela boca e d esce pelas bordas  rompendo a barreira dos lábios. Diz e não diz f abula mundos intangív...